quinta-feira, 12 de maio de 2011

FreakLand 1!

No seio da galáxia Anormedra, existia uma pequena província, FreakLândia. Esta diminuta localidade tinha uma peculiar particularidade que em comparação com as suas terras vizinhas a tornava especial. Era habitada por seres que aos olhos ordinários seriam denominados como “monstruosidades”.

A ampla diversidade de criaturas exuberantes, tornava FreakLândia num genuíno proscénio de preciosidades geneticamente manipuladas e figuras míticas cinematográficas. Era o caso das múmias toscas com ligaduras “cor de imundície”, cujo seu odor próprio tornava, particularmente difícil a comunicação destas mesmas múmias com os restantes habitantes freaklandeses. Por exemplo, com as estrelas de cinema mutantes que, curiosamente ou não possuíam nariz ou lhes faltavam um dos olhos ou então desfrutavam de mais um, estrategicamente colocado acima dos outros.

Além destas divindades, FreakLândia fruía de soberbas paisagens. Tremendas árvores colossais com troncos de quilómetros de altura e diâmetro e folhas gigantescas das mais diversas cores; esplêndidas cascatas que encobriam grutas mágicas, maravilhosos campos e montes onde floriam lindas orquídeas, rosas, margaridas, etc. Até os animais desta terra tinham características interessantes. Nas quintas freaklandesas existiam ovelhas negras de duas patas e lã sintética, resultantes do cruzamento entre a ovelha Dolly africana e girafas mutantes da galáxia Orion, ainda que cientificamente fosse impossível. Existiam também canários radioactivos, unicórnios com longos cabelos violetas magicamente entrançados, peixes sem escamas com dimensões descomunais, entre outros.

Todos estes seres viviam em perfeita comunhão. As suas almas estavam ermas de pensamentos negativos, apenas existia paz e amor naquelas enormes cabeças e corações. Jamais poderiam imaginar outra forma de viver a não ser assim.

Mas, numa ténue manhã, um dos habitantes de FreakLândia reparara que algo não estava bem. O céu azul estava enlutado, as flores murchas, as águas apodrecidas, os animas mais débeis que nunca, as gigantescas árvores rangiam de medo. Realmente algo não estava bem.

Ao jantar sentiram-se a tremer. Não era mais nem menos que um ligeiro terramotozinho, por isso continuaram.

Só sentiram um terramoto em dois mil novecentos e noventa e nove, altura em que um rinoceronte zarolho caíra sobre as terras de FreakLândia, vindo da galáxia Anirmedra. Pesava pelo menos uns quatro mil e noventa e quatro quilos. As suas orelhas serviam como um novíssimo e sofisticado sistema de refrigeração e as suas patas esmagavam árvores inteiras. Contudo, como aquele indefeso e gigantesco animal não fizera mal a nenhum freaklandês, não havia razão de alarme.

Subitamente, uma enorme luz verde fluorescente surge sobre os céus de FreakLândia. Mais uma vez, os freaklandeses não se preocuparam, seria apenas uma mãe-pirilampo com dificuldades no parto. Porém, jamais uma mãe-pirilampo faria tamanha açougada.

Kraklin, o único machão da população e ainda uma múmia horripilante já só com metade do braço direito, levanta-se de junto da fogueira e dirige-se em direcção à luz, ordenando aos restantes que o acompanhassem. À sua frente, um enorme buraco de dimensões inimagináveis, aprisionava uma, isto dito por Kraklin, “anomalia”. Estava vestida de forma lamentável, pindericamente lamentável.

Receosos de que este bicho hediondo se erguesse e comesse toda a colheita de artrópodes rejuvenescedores que Kraklin e os seus amigos colheram durante todo o milénio passado, afastaram-se. Mas um movimento torácico daquele aberrante monstro levara os habitantes freaklandeses a não arredarem pé dali, mesmo que pudessem ser horrivelmente assassinados. Bisbilhotice supre o medo.

Pouco a pouco, montando peça a peça do seu corpo, a criatura levanta-se. Kraklin, como que por clemência bramia “- po mi rárá tas arrárrátó, cus sâsâ! (não nos comas os artrofit por favor)”. Uma vez que aquele invulgar monstro não era de FreakLândia, não seria de esperar que entendesse o que Kraklin dissera. Foi então que num movimento quase devastador, como se tivesse superpoderes, Tasha, a “anomalia”, ergue-se do buraco que causara com a sua chegada. Se havia oportunidade para os freaklandeses sentirem medo, era agora. Kichóki, braço direito de Kraklin, até fizera “perlimpimpim” pelas pernas abaixo de tanto pavor. Todos eles pensavam que esta seria a última vez que se viriam, pelo menos nesta encarnação.


Agitando os cabelos com a mão direita, segurando a mala com a mão esquerda e com as pernas ligeiramente sobrepostas, Tasha pergunta: “ - onde fica o shopping?”.


2 comentários:

  1. Gostei bastante de ler este texto ;) Muito imaginativo, com humor, agradou-me. Devo dizer uma coisa, ler isto fez-me repetidamente lembrar o jogo Spore, não me perguntes porquê... xD

    Cheers!! =D

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  2. Pois, não pergunto...
    É normal que faça lembrar.... ahahahah
    :p

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